terça-feira, 31 de agosto de 2010

tenho agora aqueles suspiros que não têm letra nem frase, mas dizem tudo... eles dizem sem palavras porque elas não existem pra descrever o que vêm de dentro, é aquela coisa que não tem nome, que toma a gente e só nos resta deixar sair como o coração saltando pela boca.

terça-feira, 17 de agosto de 2010




um botão em flor pra fechar meu paletó

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

não existe coisa mais triste que ter paz.

faz sinal, conta as moedas. e gira na roleta.

vai pro outro lado.

não liga

o telefone tocava. impaciente levantou-se pra atender. desligaram.
o telofone tocava insistentemente. mas estava na cozinha e quando chegou para atendê-lo parou de tocar.
o telefone tocava num volume tão baixinho qua mal conseguia ouvir. ela o levava sempre por perto pra não perder ligações. mas no 'alô' também não ouvia nada.
ela tinha um telefone, mas ele não tocava. ela não corria. ela permanecia num cômodo qualquer. ela não atendia.
ela não tinha telefone, e continuava a esperar por alguém.

sábado, 14 de agosto de 2010

casas amarelas são sempre sonhos de alguéns
sempre alguém sonha em ter uma casa amarela
de campo, de praia, de serra, de lar

de ter um gato na janela
de ter uma janela, ao menos
ao menos de ter uma casa amarela

de ter um gato na janela da casa amarela
de ver o tempo amarelar pela janela

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

volta pra casa

como de hábito dormia no sofá. e um dia acordou depois de 5 horas mal dormidas causadas por um travesseiro atravessado no pescoço. foi tão desconfortante que em poucos segundos já estava na cama pra dormir de novo. entre os sonos lembrou-se do sonho que acabara de ter e viu que o motivo do seu breve despertar foi um pesadelo, o que viveu nos últimos meses. é porque ela é bem dramática e o que se torna corriqueiro na vida dos outros pra ela é como se fosse o fim do mundo. muito provavelmente estaria chorando ao escrever esse texto pelo simples fato de ter que se desapegar de coisas que foram dela um dia. só por isso.
mas dramas à parte, voltou a dormir e depois de muitos outros sonhos acordou com o que restava do dia.
tudo que é da sua vida original continuava intacto. a luz do sol que teimava se esconder entre as nuvens refletia no muro branco do quintal da sua casa e a obrigou vestir seus óculos escuros pra ver os outros cômodos e procurar seus parentes desejando 'boa tarde!' o mesmo cenário fixo há 27 anos, os corpos já apresentavam marcas que esse tempo imprimiu dentro da mesma casa. antes eram velotróis no quintal, bonecas no chão da sala, discos infantis e um quarto com duas camas e móveis brancos, tomadas protegidas e uma imensa movimentação acerca de duas micro pessoas. hoje, são cds, dvds, livros de todos os tamanhos e assuntos restringidos à literatura, jornalismo, peças de tearo, crítica, catálogo de exposições, et cetera. afinal, as micro pessoas são adultos e já é delas o papel de tomar conta de quase tudo que eram privadas de saber na infância.
inclusive de suas próprias vidas.