sábado, 20 de fevereiro de 2010

lia

disseram pra Lia que ela mais parecia um fruto numa foto em que aparecia no meio das folhas.
depois desdenharam-na remedando quando falava sobre seus sentimentos numa conversa de amor.
foi perguntada se as pessoas que se envolvia eram malucas ou se ela mesma, a resposta foi 'a maluca sou eu que compro a vida dos outros'

no dia em que se conheceu, não sabia que aconteceria. olhou nos olhos de um outro alguém e viu tanta coisa lá no fundo que sem perceber que se dizia, prometia a si mesma aquela pessoa. eram olhos molhados, pintados, cantados e com a sensação de não achar nada. nada nada nada, nada nem além de onde não podia mais ver. essa chuva, essa cor, essa música e esse infinito ficaram em Lia até o dia em que pode ver de perto como era entrar nos que a enxergavam. eram duas entradas como o mar profundo, com cores misturadas definidas por bordas seguras pelos percalços até ali e com acordes estampados por aquele momento em que surgia alguma coisa além do nada imposto até o encontro com seus olhos.

é que os olhos de Lia estavam cheios das palavras que se disse e prontos pra provar a verdade vista no outro dia. e era bem verdade tudo que tinha visto, mesmo de longe. e era verdade as palavras ditas por ela. assim, como era verdade que ela parecia um fruto que amadurece com o tempo e que muitas das vezes suas demonstrações são descabidas em certos momentos e que sua loucura é tanta que mergulha no mar sem fim.